sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Efeito Borboleta da bolinha de papel


Jogo sobre o episódio de Serra e a bolinha de papel


Diz-se que ao bater as asas no Japão, por exemplo, uma borboleta pode provocar um tornado no Havaí. A esse fenômeno, que é só uma interpretação teórica feita pelo cientista Edward Lorenz, dá-se o nome de "Efeito Borboleta". Ao meu ver é uma metáfora de que pequenas coisas podem gerar grandes coisas.

Vimos algo muito parecido nesta semana, quando na última quarta-feira uma simples bolinha de papel causou o maior alvoroço na campanha de presidente da República. Alguns acreditam na presença de um rolo de fita adesiva na história também, mas tanto faz, uma bolinha de papel ou o outro objeto, o fato é que não é suficiente para causar o que o candidato tucano quis parecer que causou.

Agora o famoso: Entenda o caso

Não precisava nem dizer o que houve, mas como um jornalista que sou - ou quase - tenho que fazer a retrospectiva, mas vou resumir. O candidato José Serra (PSDB), caminhava numa rua do Rio de Janeiro com eleitores quando encontrou pela frente alguns militantes do PT, partido da adversária Dilma Rousseff. Houve uma confusão generalizada e acabaram jogando uma bolinha de papel na cabeça do tucano, que continuou normalmente a andar.

O problema é que, pelo menos é o que diz a TV Globo e a coligação "serrana", o candidato foi atingido outra vez, no outro lado da cabeça, mas agora seria um objeto mais pesado, um rolo de fita adesiva. Após esse "ataque", vem uma ligação e Serra começa a sentir dores, náuseas e segue de helicóptero para o hospital. O seu médico diz que o tucano estava ferido na cabeça - pelo menos é o que ouvi da boca do doutor, que falou na propaganda do candidato - e que foi examinado, com tomografia e tudo. Ele é orientado a ficar 24h de repouso só que no outro dia de manhã já estava em campanha sem qualquer hematoma ou corte, o que é estranho já que até sangramento houve.

A partir do "atentado da bolinha" foi um blá blá blá de todos os lados, o PSDB acusando o PT de incentivar a violência e planejar tudo e o PT acusando o candidato de fingir para tentar se fazer de coitadinho e ganhar alguns eleitores. O presidente Lula chegou a comparar Serra com o goleiro chileno Rojas, que simulou discaradamente ter sido atingido por um sinalizador no jogo Brasil x Chile para tentar cancelar a partida.

Na propaganda eleitoral desta sexta-feira - que foi a que eu vi - os dois candidatos já usavam o incidente, cada um com seu interesse. Enquanto Dilma usou a matéria que saiu no SBT e que mostra o tucano supostamente simulando tudo, Serra usa a matéria do Jornal Nacional, que tenta provar, inclusive forçando a barra, que houve um ataque forte sobre ele, usando com argumentos o depoimento do médico e do perito que a Globo contatou para a reportegem do JN.

No Twitter o caso foi bem repercutido, com uma super minifestação através de tags como #serrarojas, #boladepapelfacts e #globomente. O assunto foi parar nos Trend Topics Mundiais.

Até um joguinho foi criado. O objetivo é você acertar o maior número de bolas de papel, em Serra, num determinado tempo.

Bem, claro que esse fato deve ter a repercussão que teve porque é algo grave, a violência não pode ser a dominante nessa campanha eleitoral, assim como um presidenciável não pode fazer o que José Serra fez, fingir dessa maneira é algo feio para alguém que quer chegar ao cargo que ele almeja. Mas acredito que o assunto já deveria ser passado para trás, há coisas mais importantes a serem discutidas nestas eleições.

A questão é que uma simples bola de papel causou um problema de grandes proporções, como no caso da borboleta que bate as asas no Japão. Mas o problema que falo não é nem para Serra nem para Dilma, é para a população que no dia 31 de outubro vai votar e vê assuntos realmente relevantes como as boas e verdadeiras propostas dos candidatos, ou o esclarecimento do escândalo de Paulo Preto ou ainda dos caminhões do PSDB apreendidos que seriam usados num suposto esquema de compre de votos. Todos esses e outros assuntos que deveriam ser o foco da campanha acabaram por ficar escondidos atrás de uma simples bola de papel com 210mm x 297mm.
Felipe, o Galdino

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